Golfe Adaptado




História do Golfe Adaptado em Portugal:


Em Portugal, as primeiras experiências de golfe com pessoas com deficiência intelectual foram realizadas pela Associação CEDEMA e pelo movimento Special Olympics.

Em 2010, Carlos Louro Guerreiro tornou-se no primeiro treinador de golfe em Portugal com especialização em Golfe Adaptado, tendo realizado o Curso de Golfe Adaptado pela Real Federación Española de Golf aberto a profissionais de golfe. Nesse mesmo ano, foi criada a primeira equipa de golfe para surdos através de um protocolo entre a Liga Portuguesa de Desportos para Surdos e o treinador Carlos Louro Guerreiro sendo o local dos treinos no Clube de Golfe da Belavista (Lisboa), no entanto ao fim de pouco tempo infelizmente o clube foi encerrado e apenas 2 jogadores continuam a prática.

Foi, também em 2010 criada pela Federação Portuguesa de Golfe uma Comissão de Golfe Adaptado, constituído pelos seguintes elementos: Pedro Vicente (Presidente da comissão), Maria Antónia Machado, João Pereira, João Coutinho, Regina Peyroteo, Miguel Cabral e Carlos Guerreiro. 

No dia 2 de Dezembro de 2010, a Federação Portuguesa de Golfe esteve presente no III Encontro de Golfe Adaptado organizado pela Câmara Municipal de Cascais em conjunto com a Federação Portuguesa de Desportos para pessoas com deficiência e a Santa Casa da Misericórdia no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, onde foram apresentadas várias modalidades, entre elas uma apresentação pela Federação Portuguesa de Golfe pelo então Presidente da comissão de Golfe Adaptado e pelo treinador Carlos Guerreiro.


A 16 de Março de 2012, foi realizada a 1° Conferência de Golfe Adaptado em Portugal - Desafios e Barreiras, no auditório do Comité Olímpico de Portugal, em Lisboa. Para além da presença do Comité Paralímpico de Portugal, e da Associação de Profissionais de Golfe de Portugal (PGA Portugal), este encontro contou com a presença do então campeão da Europa de Golfe adaptado em cadeira de rodas, o jogador espanhol Sebas Lorente.
O evento contou ainda com os oradores Humberto Santos, Presidente do Comité Paralímpico de Portugal; Pedro Vicente, Presidente da Comissão de Golfe Adaptado da Federação Portuguesa de Golfe; e Carlos Guerreiro, que abordaram as diferentes metas a atingir no Golfe adaptado enquanto desporto de futuro em Portugal.
Na ocasião, e como ato simbólico, foi entregue, pelo Presidente do Comité Paralímpico, Humberto Santos, a primeira licença de praticante federado de Golfe adaptado ao desportista António Machado.


No dia 13 de Fevereiro de 2013, foi incluído o Golfe Adaptado no Seminário “A Arte e o Desporto como promotores de realização e auto-estima” organizado pela CEDEMA com uma apresentação do treinador Carlos Guerreiro com o tema “Golfe Adaptado – um meio para chegar a um fim”.


Em 2013, realizou-se o primeiro Campeonato Nacional de Golfe Adaptado organizado pela FPG no Campo do Jamor. Este campeonato foi dividido em 2 categorias, a categoria de deficiência intelectual e a categoria de deficiência motora e contou com 7 participantes. Foram jogados apenas 9 buracos sendo o vencedor da categoria motora o jogador Filipe Ferreira e da Categoria intelectual Filipe do Carmo.

Até ao final de 2021, a Federação Portuguesa de Golfe registou 44 jogadores com a licença de “Golfe Adaptado”, sendo que apenas 15 jogadores estavam com a licença ativa (14 Masculinos / 1 Feminino).


Nos últimos anos, a EDGA tem organizado anualmente no nosso país o Algarve EDGA Open (Vila Sol) uma competição importante do seu calendário que em 2021 teve a sua 7 edição, sendo que jogaram até à presente data dois jogadores portugueses: Filipe Ferreira e José Pedro Sottomayor.


A EDGA conta na sua "eligibility team" de dois avaliadores portugueses, Lúcia Lemos e Carlos Guerreiro, sendo os mesmos que fazem as avaliações para os jogadores federados na Federação Portuguesa de Golfe. 


BENEFÍCIOS DO GOLFE EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

O Golfe associa a marcha, a força muscular, a coordenação motora e as relações sociais. Um estudo publicado no British Journal of Sport Medecine (2016), fez a revisão de 301 estudos científicos a fim de examinar os efeitos do golfe na saúde física e mental. Esse estudo permite evidenciar que o golfe é considerado como uma atividade física de intensidade moderada, com valor da despesa energética estimada a 4,5 MET em média, e traz benefícios para a saúde física aos seus praticantes que incluem melhorias a nível do sistema cardiovascular, respiratório e muscular (Murray, et al 2017b). 

O resultado de um estudo sueco realizado em 2008 sobre 300 000 jogadores de golfe que os compara com uma população idêntica não praticante, demostrou que os jogadores têm uma esperança de vida aumentada em 5 anos (Farahmand et al, 2009). Um estudo semelhante realizado em 2000 demonstrou que durante um jogo, os jogadores de golfe apresentam uma redução de 18% de triglicéridos séricos é um aumento de 6% do colesterol HDL. Esta atividade física permite, assim, diminuir o risco cardiovascular e foi classificada como uma atividade física adequada para pessoas com doença cardíaca. (Parkarri et al, 2000). 

Em 2004, foi realizado um estudo cujo objetivo foi examinar se praticantes de golfe regulares (idosos saudáveis e jovens estudantes universitários) melhoraram o equilíbrio de forma semelhante a praticantes regulares de Tai Chi. Sabendo que o Tai Chi é considerado como uma das melhores AF para melhorar o equilíbrio. Esse estudo demonstrou que tanto os praticantes de Tai Chi quantos os jogadores de golfe melhoraram a propriocepção da articulação do joelho e os limites de estabilidade, quando comparados com idosos do grupo controle semelhantes em idade, género (masculino), e nível de AF. (Tsang et al., 2004).

Uma atividade física (AF) potencialmente valiosa para pessoas com deficiência é o golfe (Luscombe et al., 2017). Atualmente existem evidências sobre o impacto positivo do golfe na saúde e no bem-estar da população em geral (Matthews et al., 2018; Murray, Daines, et al., 2017b; Murray, Jenkins, et al., 2017; Murray, Archibald, et al., 2018). Foi, também, referido que a combinação de atributos do golfe torna o jogo adequado para uma ampla gama de habilidades. Poucos são os limites em relação à idade ou habilidade para a prática do golfe, o que, em princípio, o torna um desporto acessível e socialmente inclusivo (Carless & Douglas, 2004). 

O golfe tem sido associado a benefícios para a saúde da população em geral. Estes incluem: maior longevidade, melhores perfis cardiovasculares, respiratórios e metabólicos, melhor força muscular e equilíbrio e melhor bem-estar mental (Golf and Health Report, 2020; Murray, Daines, et al., 2017a; Murray, Jenkins, et al., 2017). As desvantagens incluem lesões (principalmente por uso excessivo) (Cabri et al., 2009; McCarroll, 1996; Murray, Daines, et al., 2017b) e um risco aumentado de danos à pele e possíveis cancros (Hanke et al., 1985; Matthews et al., 2018).

Embora muitos dos benefícios sejam semelhantes para qualquer jogador de golfe, alcançá-los tem uma importância ampliada para pessoas com deficiência (Anderson & Heyne, 2010; Rintala, 2006). Esta afirmação é baseada no aumento das taxas de fatores de risco, como obesidade e diabetes, que a AF pode ajudar a melhorar ou a prevenir (Martin, 2013). De acordo com a literatura existente, os benefícios particulares do golfe para este coletivo podem incluir: controle motor aprimorado, capacidade de imagem visual aprimorada, risco cardiovascular reduzido, força e flexibilidade aprimoradas, capacidade de resistência aumentada e melhores habilidades físicas gerais e auto-confiança (Fry et al., 2017; Kim et al., 2011; Schachten & Jansen, 2015; Shatil et al., 2005; Unverdorben et al., 2000). Num estudo Delphi realizado, 100% dos especialistas concordaram que jogar golfe pode melhorar a saúde geral de pessoas com deficiência (Murray, Archibald, et al., 2018). Além disso, os especialistas concordaram que o golfe pode ser associado a benefícios para a saúde mental de todos os jogadores, incluindo uma melhoria da autoestima, autoeficácia, autovalorização e das relações sociais. Esses potenciais benefícios são importantes para as pessoas com deficiência, uma vez que "muitas vezes são apenas definidos pela sua deficiência", excluídos da participação na sociedade e vistos como "incapazes e limitados nas suas capacidades de ser independentes e bem-sucedidos" (Martin, 2013).

Um estudo demonstrou que idosos com alguma doença crónica e restrições de mobilidade beneficiam do golfe através das interações sensoriais que o golfe transmite (Orr & Phoenix, 2015). Outro estudo sugere que o prazer pode ser considerado um benefício relacionado à saúde e que as experiências de prazer constituem “um argumento central para manter o hábito das pessoas de comportamentos saudáveis”, incluindo, mas não se limitando, à prática do golfe (Phoenix & Orr, 2014).

Resumindo, as pessoas com deficiência podem usufruir dos seguintes benefícios do golfe:

1- Benefícios Fisiológicos:

Aumento da flexibilidade;
Aumento da capacidade aeróbia;
Aumento da resistência anaeróbia;
Aumento da coordenação olho-mão;
Melhoria do equilíbrio;
Melhoria do controlo metabólico;
Aumento da força muscular;
Aumento da aptidão física geral;
Ajuda na manutenção do peso corporal;
Aumento da resistência cardiorrespiratória;
Combate o sedentarismo;
Reduz os efeitos e risco de demência, especialmente em idosos;
Aumento da capacidade pulmonar;

2- Benefícios Psicológicos:

Promove a sensação de liberdade, independência e autonomia;
Aumento da percepção de competência através do aumento da auto-estima e auto-confiança;
Aumento da capacidade de socializar, incluindo maior tolerância e compreensão;
Aumento da capacidade de participação em grupo;
Aumento da criatividade;
Desenvolvimento das expressões e os pensamentos pessoais;
Desenvolvimento da capacidade de adaptação;
Aumento do sentido de humor;
Aumento da qualidade de vida;
Promove a competição saudável e visão positiva da vida;
Liberta a tensão e o stress.

3- Benefícios Sociais:

Aceitação social;
Desenvolvimento de amizades;
Promove o respeito pelo jogo e pelos parceiros;
Oportunidade de jogar com jogadores de nível diferente;
Desenvolvimento e aperfeiçoamento de conhecimentos profissionais;
Promove a camaradagem entre colegas.

As pessoas com deficiência, por norma obtém maiores benefícios socias do golfe uma vez que passam menos tempo fora de casa e convivem menos com outras pessoas. Eles tendem a isolar-se e a não participar em atividades sociais. A sua participação num programa de golfe pode proporcionar a oportunidade de interagir com outras pessoas num ambiente social para aprender a estar em grupo e até assumir um papel de líder, permitindo também desenvolver uma rede de contactos. (Drane et al, 2006)




Existem inúmeros tipos de deficiência, no entanto entendo que no ensino do golfe poderemos agrupar em 6 categorias:
- Golfe com um só membro superior
- Golfe com um só membro inferior
- Golfe sentado
- Golfe para cegos e amblíopes
- Golfe para surdos
- Golfe na deficiência intelectual
Em alguns casos podemos combinar mais do que uma categoria, como por exemplo: um cego que joga só com um membro superior ou um jogador sentado que realiza melhor o movimento se for só com um membro superior.

Onde pode praticar Golfe Adaptado?

O nosso treinador de Golfe, Carlos Guerreiro, para além de ser também fisioterapeuta possui o Curso de Golfe Adaptado organizado pela Real Federación Española de Golf e lecionado pelo Profissional USPGA Peter Longo, onde aprendeu a ensinar pessoas com todo o tipo de Deficiência, quer seja auditiva, motora, intelectual, visual ou paralisia cerebral. Apesar de ter sido o único profissional com esta qualificação em Portugal, entretanto já foi formador do módulo de Golfe Adaptado da Federação Portuguesa de Golfe onde deu formação aos treinadores de golfe a partir do ano 2022 para o nível 1.

 Golfe Adaptado:
Este tipo de programa é destinado às pessoas que tem alguma deficiência adquirida ou inata, quer seja auditiva, visual, motora, intelectual, ou paralisia cerebral.

Local:
Estádio Universitário de Lisboa