Actualmente, a questão do treino não está apenas ligada ao âmbito técnico, táctico, físico, de força, velocidade e flexibilidade, mas sim à especificidade e funcionalidade das modalidades e gestos realizados em cada modalidade desportiva.
A falta de especificidade nos treinos pode perturbar a evolução do atleta de acordo com a modalidade, ou seja, treinos que fazem distinção entre os exercícios e o desporto ocupam o tempo de preparação com itens menos eficientes.
O termo funcional, muito utilizado nos dias de hoje, refere-se à função que o exercício tem na musculatura e nos movimentos envolvidos na actividade principal, e implica que o treino seja cada vez mais planificado e de encontro às necessidades específicas da modalidade.
Os movimentos funcionais são altamente dependentes do core. O core é constituído por dois grupos musculares inferiores do tronco, os músculos anteriores (abdominais) e os músculos posteriores (extensores), que com os músculos das ancas, formam o que se chama de core – o núcleo do corpo.
O core é portanto o nosso centro de gravidade, responsável por manter a estabilidade da coluna e da bacia quando realizamos o swing. Um core mais forte significa ter mais equilíbrio e controle sobre o próprio corpo, o que é especialmente importante durante o swing, normalmente executado num terreno irregular e instável. Além disso, é o core que protege a coluna vertebral, absorvendo o impacto do swing e mantendo a postura correcta mesmo quando o cansaço se instala.
A falta de desenvolvimento do core pode então originar uma maior propensão para ocorrência de lesões. Desta forma, o core não pode ser ignorado pelo jogador de golfe, pois é a ligação entre todos os movimentos e pode tornar o jogador mais ágil e simultaneamente mais forte.
O core deverá ser trabalhado de forma igual em todas as suas componentes, não só para prevenir lesões na coluna, pois a maioria são provocadas por desequilíbrios musculares, mas também para melhorar o desempenho do atleta. Qualquer movimento realizado é garantido pela estabilidade proporcionada pelos músculos do core, tendo mais qualidade e eficiência se o core for forte.
Quando o core trabalha bem, pouca energia é perdida em movimentos indesejáveis da coluna e das ancas. O core permite que o corpo produza força, reduza força e se estabilize em reacção a estímulos externos. Isso ajuda o atleta a gerar mais energia também nos músculos que estão “ancorados” ao tronco. Ao fazer menos contracções para obter a mesma força, o risco de lesões diminui. Consequentemente, o core garante um melhor set up, movimentos mais eficazes, traduzindo-se num swing mais potente, além de reduzir o risco de lesões.
Em contrapartida, um core enfraquecido faz com que se perca energia e aumenta o risco de lesões. Se os membros superiores e inferiores forem fortes e o core for fraco, não só é prejudicada a mecânica do swing, como também aumentar a probabilidade de lesão, uma vez que o stress articular a nível da coluna lombar é maior durante a rotação do tronco. O fortalecimento do core também constitui uma solução para compensações individuais, como vícios posturais/mecânicos (ex.: movimentação excessiva da cabeça e das ancas, a lordose acentuada e numa postura curvada - cifótica).
A estabilidade postural depende então da conjugação de três factores: estabilidade da parte inferior do tronco (lombar), mobilidade da parte superior do tronco (toráx e dorsal) e força muscular ao nível do tronco no geral.
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